Sou a Rita, tenho 22 anos e sou de Carcavelos.
Perguntam-me várias vezes que tipo de fotógrafa sou e qual a minha área. Não me sei definir. Não sei dizer “sou fotógrafa de”. Nem sequer sei se me descreva em português ou inglês. Se há coisa que sei, e sempre soube, é incontestável e indubitável: sou eternamente apaixonada por fotografia.
Ainda assim tento arranjar uma forma de me definir. Podia dizer que sou fotógrafa de retratos. Fotógrafa de pessoas. Posso também considerar-me fotógrafa de casamentos, eventos. Contadora de histórias.
Gosto de assistir aqueles que me rodeiam. Sou uma pessoa bastante visual, fotografo o que vejo. Dou por mim no comboio, a contemplar as paisagens do quotidiano e a imaginar todas as fotografias que tiraria. E todos os dias é algo diferente. Gosto de fotografar as pessoas quando menos se apercebem. Gosto de captar emoções genuínas. Não acho necessário ter que pedir a uma mãe para sorrir para a filha no dia do seu casamento quando ela por si só, já fará uma expressão que não pode ser fingida. As emoções não podem ser inventadas e posadas. E recuso-me a dizer que podem e que quem diz o contrário é que está certo. Não é possível pôr amor numa fotografia onde não o existe.
Adoro fotografar casais que vão ser pais e transbordam alegria. Gosto de fotografar crianças, especialmente enquanto brincam. Gosto de fotografar animais. Gosto muito de fotografar famílias. Mas o que gosto mesmo é de contar as vossas histórias e adoro que confiem em mim para o fazer.
Comecei a fotografar com 10 anos. Inscrevi-me no “Clube de Fotografia” no meu quinto ano. Nunca mais vi o professor do clube, mas se o visse gostava com certeza de lhe agradecer. Sem saber, ele fez nascer em mim um amor que ficaria comigo para a vida toda e que, um dia, se tornaria a minha profissão.
Na altura a fotografia ainda era um gosto muito amador. Gostava de brincar com cores e enquadramentos. Segui o meu caminho e a fotografia foi algo que se manteve sempre presente. Em 2014 comecei a estudar na ETIC em Lisboa. Tirei o curso Fotografia HND em Arte e Design. Terminei o curso em 2016.
Dizem que não há amor como o primeiro. É verdade. Tenho muitos amores mas a fotografia é a minha grande paixão. Sonho fazer muitas coisas na minha vida, e a fotografia é algo constante. Sinto que tenho crescido muito profissionalmente desde 2016 mas ao mesmo tempo, há muitas histórias que ainda quero contar. Gosto de eternizar os momentos, guardar em papel as memórias deste tempo. (Papel ou digital, fica ao gosto do freguês. Afinal de contas estamos em 2018.) Podemos recordar através de fotografias como fomos felizes naquela casa, como a mãe ficava bonita com aquele vestido azul, as sardas na cara da minha irmã durante o verão de 2009, todos aqueles que já foram e todos os que ainda estavam por vir. Fotografo para que fique presente o que já é passado. Para que nunca se apague nem se esqueça.
Ao fotografar alguém, estou a mantê-lo vivo. Estou a contar a sua história, e a gravar aquele momento para que fique sempre o mesmo, por mais voltas que a vida dê.
Sinto-me honrada quando sei que há pessoas que me querem a fazer parte da sua história. Porque me envolvo e tomo-a como se minha fosse. Emociono-me nos casamentos como se fosse amiga dos noivos de longa data. Apaixono-me pelos olhares enamorados dos casais que fotografo. Fico feliz quando sei que as mulheres cujas barrigas fotografei, já foram mães. Vivo e vibro com todos aqueles que já passaram pela minha lente.
Não quero nunca deixar de fazer aquilo que me apaixona. Porque por mais subvalorizada que seja esta profissão, continua a ser aquela que eu escolheria. Vezes e vezes sem conta. Porque não é ingrata, na verdade não há nada melhor que ver as pessoas a valorizarem o nosso trabalho. E por vezes, com sorte, no meio de flashes e fotografias, criam-se amizades. Porque eu já faço parte da vossa história, e vocês da minha.
(Peço desculpa pela péssima escolha e qualidade de fotografia, mas acontece que não tenho muitas fotografias com a máquina na mão e a ver-se a cara.) Esta fotografia foi tirada em Monsanto, pela Sofia Silva. É uma fotografia instantânea, passada para digital pelo meu telemóvel.)